Nutrição geral

Insónias e alimentação: qual a relação?

O sono é uma parte muito importante do nosso dia, pois é durante esse período que o corpo tem oportunidade de recuperar, a vários níveis, dos estímulos/agressões a que esteve sujeito. Muitas vezes ouve-se falar do conceito de “sono reparador”, e na realidade essa é uma boa forma de encarar o sono. Trata-se, por isso, de algo fundamental para garantir que o nosso organismo funciona corretamente, e de forma saudável.


As insónias são um problema bastante frequente, no qual o sono não tem a duração e/ou a qualidade que deveria ter. Consequentemente, é uma condição que pode ter um impacto enorme na qualidade de vida e na produtividade de quem sofre da mesma. Apesar de poder ocorrer em ambos os sexos, as mulheres são normalmente mais afetadas por insónias do que os homens. De uma maneira geral, as intervenções efetuadas em casos de insónias passam por medicação e por psicoterapia. No entanto, a sua eficácia e o seu custo nem sempre vão de encontro às expectativas dos pacientes. Nesse sentido, torna-se fundamental desenvolver novas estratégias que permitam diminuir a probabilidade de ocorrência ou a magnitude das insónias. Uma dessas estratégias passa por compreender de que forma a alimentação pode afetar o sono.

 

As insónias são um distúrbio do sono que pode comprometer de forma muito relevante a qualidade de vida e a propdutividade de quem sofre das mesmas.

 


Recentemente foi publicado um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition, no qual se procurou perceber se existe alguma relação entre a ocorrência de insónias e o índice glicémico das refeições. O índice glicémico é um parâmetro que avalia se, após a digestão dos alimentos, surge um pico de açúcar no sangue, como consequência de uma absorção rápida do mesmo. De uma maneria geral, verificou-se que o consumo de alimentos com índice glicémico mais elevado promove um aumento do risco de insónia nas mulheres.


É muito interessante perceber que aquilo que nós comemos pode afetar (quase tudo) tudo o que acontece no nosso dia-a-dia. Felizmente aquela ideia de que a alimentação apenas tem impacto no nosso peso ou, mais corretamente, na nossa composição corporal, está completamente ultrapassada, e por isso podemos ter uma visão muito mais abrangente da mesma. Obviamente que a alimentação não é o único fator que interfere com aquilo que nós somos, ou sentimos, nas é uma variável muito importante… As insónias podem afetar de forma dramática a qualidade de vida das pessoas, pelo que é muito importante perceber de que forma é que se consegue prevenir o seu aparecimento. Evitar alimentos com índices glicémicos elevados, principalmente na segunda metade do dia, é uma estratégia que pode ajudar muitas pessoas a lidarem melhor com este problema. Alimentos ricos em açúcares (sumos/refrigerantes açucarados, doces, …) e alimentos ricos em hidratos de carbono refinados (pão branco, massa “normal”, arroz branco, …) são, por isso, alimentos que devem ser evitados por parte de quem sofre deste tipo de problema.


Link do artigo: Am J Clin Nutr 2020;111:429–439


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