Nutrição geral

Hipertensão arterial e alimentação

A hipertensão arterial é claramente um problema de saúde pública global. É definida como sendo uma condição clínica na qual a pressão sanguínea é superior a 130/80mmHg, de acordo com as mais recentes recomendações. Em Portugal estima-se que a percentagem de hipertensos possa ser de cerca de 30% (ou mais!), ou seja, quase 1 em cada 3 Portugueses sofre deste problema. E é um problema que pode ter consequências dramáticas, desde a morte até à insuficiência renal, passando pela demência ou pelos AVCs. Portanto, é algo para o qual todos devemos estar sensibilizados, e que, naturalmente, deve merecer um esforço importante no sentido de fazer diminuir estes números.
Apesar de a hipertensão ser tão frequente, ainda há muito por esclarecer acerca dos mecanismos que estão na base dessa doença. De qualquer das formas, tradicionalmente a hipertensão é tratada com medicamentos. E esses medicamentos normalmente o que fazem é aumentar a quantidade de urina produzida, ou seja, são diuréticos. Na realidade, essa é atualmente a forma mais eficaz (mas pouco específica) de controlar o problema. No entanto, isso não significa que não haja mais nada que não se possa fazer para diminuir o risco de aparecimento de hipertensão, ou para ajudar a manter os valores da tensão arterial normais. Estima-se que cerca de metade das pessoas que sofrem de hipertensão arterial não têm o problema controlado. Obviamente que a alimentação terá impacto a esse nível, e é sobre isso que eu decidi escrever hoje…
Quando se pensa na relação que existe entre a alimentação e a hipertensão, há algo que aparece em destaque: o sal. Quando se fala em sal, está-se a falar em sódio. O sódio é um eletrólito fundamental para o funcionamento do nosso corpo, mas se estiver em excesso promove a hipertensão arterial. Os níveis de sódio são controlados por outros dois eletrólitos, o potássio e o magnésio. Na realidade, a maior parte dos países desenvolvidos apresenta taxas de consumo de sódio elevadíssimas, enquanto que o consumo de potássio e magnésio é normalmente baixo. Em Portugal esse consumo excessivo de sal é “só” quase o dobro da quantidade máxima que deveria ser ingerida!!! Isto dá, no mínimo, que pensar… Portanto, uma recomendação alimentar óbvia para os hipertensos passa pela diminuição do consumo de sal. Claro que não estou a dizer que as pessoas que têm hipertensão devem deixar de ingerir sal, mas está provado que em média é possível reduzir em cerca de 30% a quantidade de sal nos alimentos sem que as pessoas se apercebam. A redução na utilização de sal deve ser sempre efetuada de forma gradual, e dando tempo para que o nosso paladar se adapte ao novo sabor. Ao fim de algum tempo consegue-se resultados surpreendentes! Já agora, fica a informação acerca de quais são as principais fontes de sal em Portugal. Curiosamente não é o bacalhau, o queijo ou os enchidos. As principais fontes de sal no nosso dia-a-dia são o pão, o arroz/massa/batatas e, acima de tudo, a sopa! Ou seja, a sopa que normalmente é um alimento fantástico, super-nutritivo e pouco calórico, acaba por nos dar quantidades de sal gigantescas. Da próxima vez que fizer sopa lembre-se disto, e reduza a quantidade de sal que utiliza… 🙂
Além da redução no consumo de sal, há muitas outras recomendações alimentares que podem ser postas em prática por pessoas com hipertensão. No entanto, não pense que existe uma fórmula mágica, ou seja, o que existem são alimentos que podem, de alguma forma, contribuir para que a tensão arterial não seja tão elevada. Além disso, o efeito normalmente não é imediato, ou seja, são necessárias várias semanas para começar a ver resultados. Alguns desses elementos incluem frutas, hortícolas, laticínios magros, leguminosas, frutos oleaginosos (pistácios, nozes, amêndoas, avelãs, etc), cereais integrais, gorduras insaturadas, entre outros. Em breve irei dedicar um post a esse assunto…

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