Nutrição geral

Gosta de cebolas, alho, alho francês e/ou alcachofra? Ainda bem…

Não há dúvida que a microbiota intestinal, ou seja, a comunidade de bactérias que habita no nosso intestino (mais informações sobre a microbiota intestinal neste post), é fundamental para o funcionamento do nosso corpo, e para o estado de saúde em geral. Devido a isso, não é de estranhar que a composição da mesma influencie o risco de se vir a sofrer de várias doenças, tais como obesidade, diabetes tipo 2, doenças hepáticas, ansiedade, depressão, doenças intestinais, entre tantas outras. É, por isso, fundamental saber promover um equilíbrio saudável entre as diferentes variedades de bactérias intestinais, no sentido de criar condições para que a sua presença se traduza em benefícios para a nossa saúde. A este nível há um macronutriente (mais informações sobre os macronutrientes neste post) que se destaca claramente, que é a fibra alimentar (mais informações sobre a fibra neste post).


Apesar de globalmente considerarmos a fibra como o conjunto de hidratos de carbono que não são digeridos, na realidade esta é uma visão demasiado redutora da mesma, pois há vários tipos de fibra (mais informações sobre os tipos de fibra neste post), nomeadamente a fibra solúvel e a fibra insolúvel. Quando se fala em equilíbrio da microbiota intestinal, deve-se dar particular atenção à fibra solúvel, também conhecida como prebióticos (mais informações sobre prebióticos e probióticos neste post). A fibra solúvel serve como alimento para as bactérias intestinais, contribuindo dessa forma para que se forme uma comunidade saudável das mesmas. Consequentemente, tem um papel fundamental na nossa saúde.

 

A fibra solúvel é utilizada como alimento pelas bactérias que habitam no intestino, contribuindo para a manutenção de um equilíbrio saudável na microbiota intestinal.

 


Recentemente foi publicado um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition no qual se procurou perceber se o consumo de alimentos ricos num tipo específico de fibra solúvel (frutanos do tipo inulina) pode modificar os hábitos alimentares de quem os consome. Os alimentos consumidos incluíam alho, cebola, alho francês e alcachofra. Foi observado que o consumo de uma quantidade mínima diária de 9g dessa fibra, durante duas semanas, aumentou a sensação de saciedade e reduziu a vontade de consumir alimentos doces ou salgados. Estes efeitos mantiveram-se mesmo quando os participantes do estudo regressaram à sua alimentação “normal”.


Este estudo vem demonstrar algo muito importante (e interessante!). É possível, através da alimentação, criar novos equilíbrios na nossa microbiota intestinal, que, por sua vez, se traduzem no estabelecimento de rotinas alimentares mais saudáveis. E se isto é, por si só, uma excelente notícia, ainda se torna melhor quando se observa que alguns efeitos parecem manter-se mesmo após o regresso às rotinas que existiam antes dessas mudanças ocorrerem. E reparem que neste caso nem estou a falar em alimentos invulgares, ou pouco consumidos, mas sim de hortícolas que já fazem parte do nosso padrão alimentar comum.  Concluindo, eu sei que motivos não faltam para nós consumirmos quantidades significativas de legumes todos os dias, e este trabalho vem exatamente reforçar essa ideia…

 

O consumo regular de alimentos ricos em fibra solúvel parece ter um impacto positivo nos hábitos alimentares, nomeadamente ao nível do controlo do apetite e na vontade de consumir alimentos doces ou salgados.

 

Referência do artigo: Am J Clin Nutr 2019;00:1–13.

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