Nutrição geral

Alimentação e artrite reumatoide… uma relação muito importante!

A artrite reumatoide é uma doença autoimune crónica, na qual o sistema imunitário da própria pessoa ataca as articulações, causando inflamação e, muitas vezes, destruição das cartilagens e até danos nos próprios ossos. É, por isso, uma doença que normalmente tem um impacto enorme na qualidade de vida de quem sofre da mesma, causando dor e rigidez articular o que, por sua vez, se traduz numa menor capacidade funcional das articulações afetadas. Esta doença tende a afetar mais as mulheres, e as pessoas com mais idade. Atualmente o tratamento para a artrite reumatoide passa principalmente pela imunossupressão, ou seja, uma diminuição da capacidade funcional do sistema imunitário, minimizando dessa forma o ataque autodestrutivo do mesmo nas articulações.


Um dos fatores que mais tem sido estudado no contexto da artrite reumatoide é o impacto da alimentação na prevenção da mesma, bem como no controlo e minimização da doença. Normalmente os conselhos que são fornecidos passam essencialmente pela “proibição” de determinados alimentos que se sabe que podem ter um impacto negativo na saúde, tais como carnes vermelhas, bebidas alcoólicas ou refrigerantes. No entanto, tal como eu defendo em muitos contextos, é fundamental dar alternativas às pessoas, para que possam substituir os alimentos mais perigosos por alimentos mais benéficos.

 

Há alimentos que podem ter um impacto negativo na saúde de pessoas com artrite reumatóide, nomedamente carnes vermelhas, bebidas alcoólicas e refrigerantes

 


Recentemente foi publicado um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition, no qual se procurou perceber se o consumo de uma alimentação com potencial anti-inflamatório pode ajudar a melhorar o estado de saúde de pacientes com artrite reumatoide. Dito de forma resumida, esta alimentação era composta por pelo menos 3-4 refeições semenais de peixe (principalmente salmão), 1-2 refeições vegetarianas contendo leguminosas, consumo de cereais integrais, laticínios magros, fruta e frutos secos. Os participantes foram ainda aconselhados a consumir no máximo carne 3x/semana, consumir pelo menos 5 doses de fruta por dia e a cozinharem com gordura de origem vegetal. Foi observado que este padrão alimentar teve um impacto positivo significativo nas consequências da doença, durante o período testado.


Este artigo é muito interessante, pois revela que mesmo em casos de doenças teoricamente incuráveis, como é o caso da artrite reumatoide, a alimentação pode ajudar significativamente a diminuir a agressividade das mesmas, e, consequentemente, a melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Ou seja, muitas vezes não se trata de curar, mas sim de melhorar a vida de de quem sofre de determinados problemas de saúde. Infelizmente o nosso conhecimento é ainda limitado no caso de um grande número de problemas de saúde, mas acredito sinceramente que daqui a alguns anos algumas das supostas “sentenças” que associamos a várias doenças podem ser atenuadas, se soubermos o que devemos comer e o que devemos evitar. No fundo, trata-se de perceber que todos somos diferentes, e que por isso a alimentação deve ter em consideração essas diferenças. É como eu costumo dizer, a alimentação é um elemento fundamental para a individualidade de cada pessoa

 

O consumo de uma alimentação com elevado potencial anti-inflamatório pode ajudar a diminuir a agressividade das crises de artrite reumatóide.

 


Referência do artigo: Am J Clin Nutr. 2020 Jun 1;111(6):1203-1213. doi: 10.1093/ajcn/nqaa019


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