Nutrição geral

Exposição alimentar ao chumbo: o que é que se pode fazer?

Quando se pensa em alimentação, normalmente somos induzidos a pensar em calorias, e nas comidas que engordam ou não engordam. Mas como é óbvio, a alimentação é um assunto muito mais complexo que engloba não só os macro- mas também os micronutrimentos. E o assunto não termina aqui, pois há outras áreas que também se relacionam com a alimentação e que são igualmente importantes. Estou a referir-me, por exemplo, à exposição a contaminantes, que muitas vezes surgem de forma oculta em alimentos à primeira vista inofensivos (ou eventualmente apelidados até de saudáveis!).
O chumbo é um metal pesado que causa vários problemas no ser humano, nomeadamente ao nível do sistema nervoso central, cardiovascular ósseo e renal. A nossa exposição ao chumbo surge de forma ambiental, ou seja, através do ar, poeiras, água, mas também através da alimentação. Quando se fala em toxicidade causada por chumbo, há um aspeto que devemos ter em consideração. Este metal acumula-se nos ossos, levando a problemas a médio/longo prazo após a exposição, mesmo que essa exposição tenha cessado. Tem-se verificado que o consumo de vitamina C, vitamina B6, cálcio e ferro parecem causar uma diminuição dos níveis de chumbo no organismo. Por outro lado, uma diminuição do consumo de vitamina D e de fósforo parece estar relacionado com níveis mais elevados de chumbo nos ossos.
Recentemente foi divulgado um estudo no qual se procurou avaliar a associação entre alguns padrões alimentares e a acumulação de chumbo no sangue e nos ossos. Foram analisados quase 2300 indivíduos, divididos em 2 padrões alimentares diferentes. O primeiro era caracterizado por uma ingestão aumentada de fruta, hortícolas, cereais integrais, carne de aves e marisco. O segundo padrão, mais “ocidental”, era caracterizado por uma ingestão de carne processada, carne vermelha, cereais refinados, produtos lácteos gordos, batatas fritas, manteiga e ovos. Observou-se que este segundo padrão apresentou uma associação significativa com o aumento da concentração de chumbo, no sangue e nos ossos dos indivíduos. Esta associação foi observada independentemente da idade, hábitos tabágicos, ingestão calórica total, índice de massa corporal, habilitações académicas, ocupação e rendimento, o que sugere que, aparentemente, se trata de uma associação específica do padrão alimentar.
Em jeito de conclusão, gostaria de destacar que a adoção de padrões alimentares mais saudáveis não se limita a obtermos o peso adequado, ou uma composição corporal mais parecida com o que pretendemos. Obviamente que existem também muitos outros benefícios associados a esses padrões mais saudáveis. A diminuição da exposição ao chumbo é um desses possíveis benefícios, e que deve servir como mais um motivo para todos nós fazermos algumas mudanças. Temos muito a ganhar, a vários níveis, por isso não se esqueçam, há sempre margem para melhorar alguma coisa na nossa alimentação!

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