Nutrição geral

O consumo de vitamina K pode ter impacto no desenvolvimento e função do coração

O coração é uma máquina notável… Trabalha sem interrupções e de forma contínua 24h por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano (366 nos anos bissextos). Nenhuma máquina criada pelo homem chega sequer perto da capacidade de trabalho do coração. A sua importância para o organismo é evidente, pois é ele o responsável por colocar o sangue a circular, de forma a chegar a todas as partes do corpo. Sendo um órgão tão importante, é normal que quando o coração tem algum tipo de falha, as consequências possam ser potencialmente (muito) graves. Na realidade, anomalias na estrutura e/ou função do coração são fatores de risco para as doenças cardiovasculares, e, consequentemente, de mortalidade. Muitas dessas anomalias surgem ainda na infância (ou mesmo durante o desenvolvimento embrionário), sendo que são muitos os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento das mesmas. E é aqui que entra a alimentação, devido a dois motivos. Por um lado, opções alimentares menos corretas podem ter um impacto óbvio no desenvolvimento e funcionamento de qualquer órgão. Por outro lado, porque há nutrientes que se sabe que são particularmente importantes para o sistema cardiovascular. Neste contexto, gostaria de destacar a vitamina K…
A vitamina K (que irá merecer uns posts dedicados a ela no futuro, tal como tem vindo a acontecer com as restantes vitaminas) encontra-se presente na alimentação sob diferentes formas, sendo a principal a filoquinona (também chamada de vitamina K1). É encontrada principalmente em hortícolas de folha verde, tais como espinafres, agriões, couve ou brócolos. A sua principal função é ao nível da coagulação sanguínea, sendo indispensável para que o processo ocorra. Além disso, há evidências que sugerem que esta vitamina pode ter vários outros efeitos cardiovasculares, nomeadamente ao nível do controlo dos níveis de colesterol no sangue e da inibição da calcificação das artérias. Infelizmente, tal como acontece em muitas outras áreas da nutrição (quase todas!), as informações disponíveis são ainda insuficientes e contraditórias…
Recentemente foi publicado um artigo na revista Journal of Nutrition que procurou perceber se existe alguma associação entre o consumo de vitamina K1 e a estrutura e função do coração de adolescentes aparentemente saudáveis. Os resultados obtidos revelaram que um consumo elevado dessa vitamina melhorou, de uma maneira geral, os indicadores de funcionamento cardíaco estudados. Ou seja, dito de uma forma simples, o consumo de vitamina K1 parece promover um melhor estado de saúde do sistema cardiovascular em geral, e do coração em particular.
Este estudo veio chamar a atenção para algo que ainda está longe de estar suficientemente estudado, que é a relação positiva que pode existir entre a alimentação e o desenvolvimento, estrutura e função dos órgãos. Quando me refiro a relação positiva, estou a falar em nutrientes que possam promover um melhor desenvolvimento e, consequentemente, um melhor estado de saúde. Na realidade, normalmente as atenções estão voltadas para “o que faz mal”, mas acima de tudo deve valorizar-se “o que faz bem”. É como a história do copo meio cheio ou meio vazio. Em vez de se pensar que não se deve comer determinado alimento, porque pode afetar negativamente uma determinada característica, porque não pensar que se deve consumir mais de outro alimento, porque pode melhorar essa mesma característica? Pode parecer a mesma coisa, ou quase a mesma coisa, mas acredite que não é. É um passo fundamental para se fazer algo muito importante que se chama “reeducação alimentar”. O artigo que eu referi neste post é um bom exemplo disso mesmo. Aumentar o consumo de vitamina K1 é sinónimo de consumir mais hortícolas verdes o que, aparentemente, parece ser sinónimo de melhorar o desenvolvimento e função do coração. E assim se pode conseguir melhorias importantes na saúde do coração e, consequentemente, diminuir o risco de doenças cardiovasculares no futuro…

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