Nutrição geral

Alimentação Mediterrânica e capacidade cognitiva durante o envelhecimento

A célebre Alimentação Mediterrânica tem ganho (felizmente!) o destaque que merece, nos últimos anos. Os seus benefícios sociais, pessoais e económicos são inegáveis. Do ponto de vista da saúde, já muito tem sido dito, por exemplo, quanto à capacidade que este padrão alimentar tem de diminuir o risco do aparecimento de doenças cardiovasculares. Também ao nível das doenças crónicas, como o cancro ou as doenças neurodegenerativas, existe um efeito protetor significativo por parte do mesmo. Curiosamente, a maioria das considerações sobre a Alimentação Mediterrânica é feita pela negativa, ou seja, baseia-se em efeitos inibitórios que exerce sobre doenças. Mas se diminui o risco do aparecimento de várias doenças, é porque tem efeitos positivos na manutenção da saúde. Eu sei que isto que acabei de dizer parece ser exatamente o mesmo, mas é como a questão do copo poder estar meio cheio ou meio vazio, é apenas uma questão de perspetiva…
A diversidade de alimentos, aliada à sazonalidade e à elevada riqueza nutricional dos alimentos ingeridos, fazem da Alimentação Mediterrânica um exemplo a seguir, principalmente por parte de quem se tem vindo a tornar progressivamente escravo de um padrão alimentar menos saudável, ou seja, a maioria da população! Claro que, na minha opinião, o padrão alimentar Mediterrânico puro também apresenta falhas/limitações, mas continua a ser uma referência do ponto de vista alimentar. Vários trabalhos científicos têm vindo a tentar estabelecer qual o impacto da Alimentação Mediterrânica na capacidade cognitiva, nomeadamente em idosos. Antes de mais, importa referir que quando se fala em capacidade cognitiva, estamos a falar em algo abstrato, difícil de quantificar e dividir em diferentes variáveis. Parece haver um efeito positivo entre o padrão alimentar estudado e diferentes tipos de memória, o que se traduz, naturalmente, numa manutenção das capacidades cognitivas durante o envelhecimento.
Portanto, a Alimentação Mediterrânica parece contribuir para um melhor funcionamento do sistema nervoso central, que se reflete, de forma diferencial, em melhorias nalgumas características cognitivas em idosos. Sabendo que o envelhecimento envolve, obrigatoriamente, uma progressiva disfunção do sistema nervoso, com gradual perda da capacidade cognitiva, perceber de que forma é que a mesma pode ser preservada é um assunto particularmente relevante atualmente. Não nos podemos esquecer que o nosso futuro está a ser escrito no presente, e aquilo que nós fazemos ou comemos vai ter reflexos na nossa vida um dia mais tarde, por isso o ideal é começar desde cedo a adotar hábitos alimentares saudáveis, sendo que um padrão alimentar baseado nos princípios da Alimentação Mediterrânica é uma das melhores formas que nós temos para termos uma vida mais saudável.

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