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O consumo de mandioca tem alguns riscos associados. Saiba quais…

Um dos problemas associados a um consumo excessivo de mandioca é o seu conteúdo em vários antinutrimentos. Os antinutrimentos são moléculas que existem em vários alimentos e que, como o próprio nome indica, têm uma ação contrária à dos nutrimentos, mais concretamente, impedem a sua correta absorção intestinal e utilização no nosso corpo. Dito de forma mais simples, são moléculas que nos impedem de tirar partido de alguns dos nutrimentos que ingerimos. Claro que num contexto de alimentação variada, no qual a mandioca seja consumida pontualmente, esta situação não é, em princípio, problemática, mas em casos de pessoas que estejam em risco de malnutrição, ou em pessoas que consumem regularmente mandioca, poderá ser particularmente relevante. Os principais antinutrimentos encontrados na mandioca são:
Saponinas, que apesar de serem antioxidantes, diminuem a absorção intestinal de várias vitaminas e minerais;
Fitato, que interfere com a absorção de magnésio, cálcio, ferro e zinco;
Taninos, que apesar de serem antioxidantes, reduzem a digestibilidade das proteínas e interferem com a absorção de ferro, zinco, cobre e vitamina B1.
As saponinas e os taninos são compostos bioativos que, quando bem consumidos, têm efeitos benéficos no nosso organismo, pois protegem-nos das agressões oxidativas, portanto se se contornar o seu potencial como antinutrimentos, podem até ser vistos como uma mais-valia da mandioca.
O outro grande risco associado ao consumo de mandioca, está relacionado com o seu consumo em cru, ou quando a mandioca não é preparada corretamente. Conforme já foi referido noutro post (pode consultá-lo aqui), a mandioca possui na sua composição umas moléculas que podem libertar cianeto, designadas de glicosídeos cianogénicos. Os principais compostos cianogénicos da mandioca são a limarina e a metil-limarina. Sendo o cianeto um dos venenos mais potentes que existe, pois impede que o nosso organismo utilize corretamente o oxigénio e, por isso, impede a produção de energia, esta situação pode, em casos mais extremos, levar a danos irreversíveis. Apesar de ser um risco muito sério, pode facilmente ser evitado se efetuar os seguintes procedimentos:
Descasque a mandioca, pois é na casca que se encontra a maior parte das substâncias cianogénicas;
Mergulhe a mandioca em água, durante 48-60h, de forma a permitir a libertação dos compostos químicos perigosos que possui;
Cozinhe a mandioca, uma vez que assim destrói as substâncias perigosas que estão no seu interior;
Consuma a mandioca juntamente com fontes de proteínas, pois a proteína ajuda o nosso organismo a eliminar o cianeto que, eventualmente tenha sido ingerido.
Queria também destacar que a farinha de mandioca e a tapioca são produtos que não apresentam este risco de produção de cianeto, pelo que são considerados seguros para o consumo humano.
Por último, a mandioca tem também a capacidade de absorver alguns elementos químicos perigosos, quando presentes no solo, tais como o arsénio e o cádmio. Portanto, manter a segurança do solo e das condições de produção é algo indispensável para que a mandioca não acumule estes elementos químicos.
Para concluir, gostaria de destacar que tal como acontece com todos, ou quase todos os alimentos, o consumo de mandioca pode ter alguns riscos associados. No entanto, se tiver estes riscos presentes, e souber o que fazer para os evitar, pode incluir a mandioca no seu padrão alimentar, sem estar a colocar a sua saúde em risco. É mais uma forma de diversificar o que come, e de aumentar a variedade de pratos e formas de confeção que pode utilizar no seu dia-a-dia. Dessa forma é mais fácil respeitar a regra base da nutrição: ter uma alimentação equilibrada e diversificada!

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