Alimentos,  Nutrição geral

Azeite: uma gordura consensual

As gorduras são, provavelmente, o macronutriente que mais controvérsia tem criado do ponto de vista nutricional. Em primeiro lugar, porque são de longe a classe de nutrientes mais calóricos (1g contém 9kcal), o que, por si só, já revela que o seu consumo tem que seguir regras (muito!) rigorosas. Em segundo lugar, e talvez esta seja a principal razão, porque existem muitos tipos de gorduras diferentes, com efeitos no nosso corpo bem diferentes, que vão desde potenciais benefícios até potenciais riscos. Por último, porque a gordura é fundamental para se absorver corretamente a nível intestinal as vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K).
Globalmente, a gordura de origem animal já foi considerada a gordura mais saudável, entretanto começou-se a dar mais destaque à gordura de origem vegetal e atualmente parece haver uma tendência crescente para se voltar a valorizar a gordura de origem animal. Curiosamente, no meio disto tudo há um alimento acerca do qual a opinião se tem mantido mais ou menos constante e extremamente favorável: o azeite! Na realidade, o tempo vai passando mas o azeite continua a ter o rótulo de gordura mais saudável de todas. Obviamente que tudo depende das características que se quer valorizar, no entanto não tenho dúvidas que quando comparado com as restantes fontes de gordura o azeite é, na realidade, uma melhor opção para a maior parte das características comparáveis.
A nossa alimentação tem uma ligação muito forte com o azeite, aliás, não é à toa que o azeite português é considerado por muitos especialistas como o melhor azeite do Mundo. Confesso que sou um fã de azeite e que é de longe a minha gordura preferencial na alimentação.
Mas o que é que o azeite tem de tão especial quando comparado com as restantes gorduras de origem animal e vegetal? Do ponto de vista do tipo de gordura que contém, o azeite é particularmente rico em ácidos gordos monoinsaturados, nomeadamente o ácido oleico, cujo consumo tem vindo a ser associado a vários potenciais benefícios para a saúde humana. Quando comparado com a grande maioria das restantes gorduras de origem vegetal, o azeite é mais resistente a temperaturas elevadas, pois as gorduras monoinsaturadas são mais estáveis a temperaturas elevadas do que as gorduras polinsaturadas. Além disso, provavelmente a grande mais-valia do azeite, e que o faz destacar-se claramente da grande maioria das restantes gorduras, é o conteúdo elevado em antioxidantes (principalmente vitamina E e polifenóis). Estes antioxidantes ajudam não só a proteger a comida durante a sua confeção e a sua exposição ao ar, como protegem o nosso corpo de vários tipos de agressões que podem levar ao aparecimento de danos e/ou doenças. Além disso, algumas destas substâncias têm também propriedades anti-inflamatórias. Devido a tudo isto, o consumo de quantidades adequadas de azeite tem vindo a ser associado a uma diminuição do risco de doenças cardiovasculares, doenças inflamatórias, doenças degenerativas e até alguns tipos de cancro.
Por último gostaria de destacar que existem muitos azeites diferentes e que, por isso, é normal que haja azeites de melhor qualidade e outros com qualidade bem mais fraca. A qualidade das azeitonas, a altura da colheita, a forma da colheita, o método de extração do azeite e a forma de conservação são variáveis muito importantes que vão determinar a qualidade global do azeite. Ou seja, o azeite não é todo igual e por isso é fundamental saber fazer uma boa escolha para poder tirar partido deste alimento tão saboroso e nutritivo.

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