Nutrição geral

A Alimentação Mediterrânica pode afetar de forma significativa algumas das nossas características psicológicas

A palavra “resiliência” é uma palavra que tem vindo a ser cada vez mais referida e discutida na sociedade. Apesar de ser um conceito que nem sempre é fácil de explicar, basicamente refere-se à capacidade de uma pessoa lidar com algum tipo de stress, e, consequentemente, pode ser considerada uma ferramenta para se manter uma atitude positiva perante a vida. Trata-se, por isso, de uma característica abstrata, claramente relacionada com as ciências sociais e com a psicologia em particular. Sendo uma característica fundamental para o bem-estar psicológico é, inevitavelmente, algo que tem um impacto direto na saúde. Ou seja, se uma pessoa for mais resiliente, significa que consegue lidar melhor com os seus problemas e, por isso, é menos afetado negativamente pelos mesmos.
Se por um lado é inegável que a alimentação é possivelmente o hábito comportamental com mais influência na saúde, também não é menos verdade que a alimentação está intimamente relacionada com o nosso bem-estar psicológico. E é aqui que as coisas se podem tornar (ainda mais!) interessantes… Já se sabe há muito tempo que o consumo de determinados alimentos (o chocolate, por exemplo) estimula a produção de um conjunto de hormonas que estão relacionadas com a felicidade – as endorfinas! Sabe-se também que há sabores, texturas e aromas dos alimentos que fazem recordar momentos importantes da vida, e, por isso, podem também afetar de forma muito importante o bem-estar psicológico. No entanto, não tenho dúvidas que a alimentação pode afetar de forma bem mais significativa a nossa parte psicológica, influenciando características que, à primeira vista, poderiam não estar relacionadas com a mesma. A resiliência é potencialmente uma dessas características…
Recentemente foi publicado um artigo na revista European Journal of Clinical Nutrition que procurou perceber de que forma é que o padrão alimentar pode influenciar a resiliência. Genericamente, observou-se que uma maior adesão ao padrão alimentar Mediterrânico se associou a uma maior resiliência por parte dos participantes.
Na minha opinião este artigo é muito interessante por várias razões… Em primeiro lugar, porque procura estabelecer relações menos óbvias, entre a alimentação e características psicológicas. Em segundo lugar, porque vem alargar ainda mais o leque de vantagens associadas à Alimentação Mediterrânica. Na realidade, quando se ouve falar deste tipo de padrão alimentar, a primeira ideia que vem à cabeça é a diminuição do risco de doenças cardiovasculares, doenças crónicas, alguns tipos de cancro, entre outros. Tendo eu formação também na área da Bioquímica, parecem-me mais intuitivas e lógicas estas associações. Agora quando se entra no domínio da saúde mental, confesso que não consigo deixar de me sentir fascinado quando penso que a alimentação pode ser um fator que pode influenciar pelo menos algumas das nossas características psicológicas. E a questão que se coloca é: se existe esta relação entre a alimentação e a resiliência, que outras relações é que podem igualmente existir e que, coletivamente, servem para nos dar a nossa individualidade e servem para nos definir enquanto pessoas únicas? É caso para dizer, “como, logo existo”…

 

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