Nutrição geral

Baixa ingestão de cálcio e o risco de sofrer de hipertensão arterial…

A hipertensão é um problema de saúde pública com uma dimensão difícil de entender. Por um lado, é “só” a principal causa de morte (direta ou indireta) em muitas sociedades, e por outro lado, em grande parte é uma doença evitável, através da adoção de estilos de vida e de alimentação mais saudáveis. As estimativas atuais apontam para que mais de 1/4 da população mundial sofra de hipertensão sendo que, naturalmente, este valor aumenta significativamente nos países mais desenvolvidos. Em Portugal a percentagem de hipertensos é, seguramente, superior a 30%.
Uma das possíveis consequências da gravidez é o aparecimento de hipertensão arterial, que pode originar pré-eclampsia (hipertensão durante a gravidez e aparecimento de proteína na urina). A pré-eclampsia é um fator de risco para futuros problemas cardiovasculares e renais. De uma maneira geral há várias alterações alimentares que se podem efetuar para diminuir o risco de hipertensão arterial (mais informações neste post) sendo que, apesar de já existir um conhecimento atual significativo sobre o assunto, ainda estamos muito longe de ter toda a informação necessária para lidar com o problema. O papel da ingestão de cálcio no controlo da hipertensão é um assunto que tem estado envolvido nalgumas controvérsias… Alguns estudos apontam para que o consumo adequado de cálcio possa ajudar a controlar a tensão arterial, ainda que os dados não sejam muito conclusivos. No entanto, quando é analisado o efeito em populações que têm baixos níveis de ingestão de cálcio, não existem dúvidas, pois este mineral parece estar claramente relacionado com o controlo da hipertensão. Ou seja, possivelmente o papel do cálcio não está melhor estabelecido porque a ingestão deste mineral é, muitas vezes, adequada.
Recentemente foi divulgado um trabalho científico no qual se procurou perceber de que forma é que a ingestão de cálcio durante a gravidez se relaciona com o risco de sofrer de hipertensão arterial. Naturalmente que durante a gravidez o cálcio assume um papel particularmente importante pois é necessário não apenas para o funcionamento normal do corpo da mãe, mas também para o desenvolvimento do bebé. Foi observado que um consumo de cálcio inferior ao adequado se relacionou com um aumento do risco de hipertensão, principalmente em mulheres com história de hipertensão gestacional.
Estes resultados são muito interessantes, na medida em que revelam que são muitas as formas que nós podemos utilizar a alimentação para diminuir o risco de várias doenças. Além disso, reforça também a ideia de que a nossa visão sobre a alimentação é ainda muito limitada, pois quando se pensa em cálcio normalmente apenas nos vem à ideia a sua importância para os ossos, mas isso representa apenas uma parte das funções deste mineral tão importante. Ou seja, claramente a alimentação não deve ser vista apenas como a forma de termos energia para o nosso dia-a-dia, nem deve ser encarada de forma demasiado segmentada, mas sim como a forma que nós temos de garantir que o nosso corpo funciona da melhor forma possível. Obviamente que não poderia deixar passar esta oportunidade em claro para salientar que este estudo é mais um argumento que pode ser utilizado para reforçar a importância do consumo de leite e derivados, e dos potenciais benefícios a eles associados. Na realidade, sendo o leite uma excelente fonte de cálcio, os laticínios são um alimento que deve fazer parte da rotina alimentar da maioria das pessoas e, em particular, da maioria das grávidas.

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