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Alimentação de recém-nascidos: o que precisa de saber

A alimentação dos recém-nascidos é um assunto que tem merecido muita atenção desde a antiguidade. O tempo foi passando, e o conhecimento foi evoluído, daí que não seja de estranhar que algumas coisas que se faziam há alguns anos atrás possam atualmente não ser as mais adequadas.
Quando se fala em recém-nascidos, é vulgar dividi-los em 3 grupos, os bebés muito prematuros, também chamados de grandes prematuros (que nascem até à 28ª semana de gestação), os bebés prematuros (que nascem entre a 28ª e a 36ª semana, e os bebés com gestação completa (que nascem após a 36ª semana). Do ponto de vista nutricional, são grupos com necessidades e exigências diferentes, pelo que a intervenção em cada um deles deve ser diferenciada.
Os bebés muito prematuros nascem num período de desenvolvimento que, se ocorresse no interior do útero seria caracterizado por um crescimento muito rápido. De forma a acompanhar esse ritmo de crescimento, espera-se que os bebés muito prematuros dupliquem o seu peso ao fim de cerca de 6 semanas, e apresentem um peso 5 vezes superior ao do nascimento no final das 40 semanas. É simplesmente espetacular esta taxa de crescimento, não concorda? No entanto, para se atingir esses objetivos o bebé vai necessitar de grandes quantidades de energia, proteínas e outros nutrimentos indispensáveis para o crescimento. Além disso, normalmente estes bebés nascem com poucas reservas de ferro, zinco, cálcio e vitaminas e quantidades muito reduzidas de gordura e de glicogénio (hidrato de carbono de reserva). Os processos fisiológicos que mantêm o organismo equilibrado em termos bioquímicos encontram-se ainda numa fase muito imatura, pelo que é vulgar nos primeiros dias de vida ocorrerem desequilíbrios nos níveis de glucose, eletrólitos e fluídos. Inicialmente por norma a alimentação é dada de forma parentérica, ou seja, o bebé não se vai alimentar, mas vai receber todos os nutrimentos que necessita diretamente na corrente sanguínea. Gradualmente, começa a ser introduzida a alimentação através de uma sonda e, quando os movimentos de sucção estiverem desenvolvidos, começa a amamentação. Por vezes, pode ser necessário recorrer a leite artificial ou suplementos para aumentar o aporte de energia e/ou de nutrimentos. De qualquer das formas, o leite materno de mães que tiveram filhos prematuros tem uma composição diferente, é mais rico em proteínas por exemplo, de forma a lidar com as necessidades que esses bebés têm. Também contribui para uma maior maturação do sistema imunitário e do sistema digestivo pelo que, mal seja possível, o leite materno deve ser o alimento preferencial para os bebés muito prematuros. Além do elevado aporte proteico exigido, é também muito importante ter em consideração o consumo de minerais, principalmente devido ao risco de alterações ósseas (estes bebés nascem com reservas minerais muito baixas). Por vezes a quantidade de cálcio e fosfato presentes no leite materno podem não ser suficientes para ir de encontro às necessidades aumentadas que estes bebés têm, pelo que a suplementação mineral é, em muitos casos, recomendada. Também em relação aos hidratos de carbono, uma vez que os bebés muito prematuros não os armazenam em quantidades significativas, é necessário garantir um consumo adequado, para evitar falta de açúcar no sangue (hipoglicemia), principalmente porque pode colocar em risco o desenvolvimento do cérebro. Este cuidado deve persistir durante várias semanas após o nascimento. Após a alta do hospital, os bebés devem continuar a ser acompanhados, de forma a garantir uma ingestão adequada para as diferentes fases de desenvolvimento pelas quais irão passar.
Quanto aos bebés prematuros, apesar de terem um nascimento mais próximo do final da gestação, não significa que não devam ter cuidados nutricionais especiais. Por exemplo, às 34 semanas o peso cerebral ainda só atingiu cerca de 65% do peso final às 40 semanas, ou seja, estamos a falar num período que é muito importante do ponto de vista de desenvolvimento do sistema nervoso. É frequente estes bebés apresentarem imaturidade nos mecanismos de sucção e deglutição, bem como reservas insuficientes de hidratos de carbono. A utilização de sondas é, por isso, muitas vezes recomendada. Quanto à inclusão de suplementos além do leite materno, depende muito do estado em que o bebé se encontra, havendo alguma controvérsia em relação à sua relevância. Independentemente disso, é preciso haver uma avaliação cuidada do estado nutricional e do desenvolvimento dos bebés, tendo em atenção que, apesar de os bebés prematuros (principalmente os mais tardios) poderem parecer e comportar-se como bebés que nasceram com a gestação completa, ainda apresentam algumas imaturidades no seu desenvolvimento.
Por último, em relação aos recém-nascidos com o tempo de gestação completo, a sua alimentação, na grande maioria dos casos, deve ser definida com duas palavras: “leite materno”! São inúmeros os seus benefícios, quer para o bebé (mais informações sobre o assunto aqui), quer para a mãe (mais informações sobre o assunto aqui). Se, por qualquer motivo, não for possível o bebé alimentar-se com leite materno, existem atualmente muitas fórmulas (“leites de lata”) que apesar de não serem tão perfeitos como o leite materno, possuem uma composição nutricional muito cuidada e desenvolvida para fazer face às necessidades dos recém-nascidos. Em condições normais, nos primeiros 6 meses não é necessário recorrer a qualquer tipo de suplementação além do leite (materno ou fórmula).
Independentemente de qual o tempo de gestação do seu bebé quando nasceu, a alimentação é sempre um fator crítico para o seu correto desenvolvimento. Procure sempre aconselhar-se sobre o que fazer, pois infelizmente existe muita desinformação e muitas opiniões e experiências pessoais que podem não ser as mais corretas para o seu bebé. Tome as decisões corretas, relaxe e vai ver como é fascinante a velocidade com que os bebés se desenvolvem!

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