Grávidas, crianças e adolescentes

Peso dos bebés antes e depois do nascimento… o risco de obesidade é real!

A obesidade é um problema que afeta transversalmente quase todas as sociedades e quase todas as idades. Apesar de ser um problema que se torna cada vez mais frequente à medida que envelhecemos (em Portugal cerca de 80% dos idosos tem excesso de peso ou obesidade!), a obesidade não pode nem deve ser considerada um problema da terceira idade… Na realidade, a obesidade é uma consequência de um percurso de vida, de uma acumulação de más escolhas que eventualmente foram feitas ainda antes de nascermos, e que continuaram a ocorrer após o nascimento. A prova disso é o facto de a obesidade infantil, estar a aumentar, sendo de cerca de 8% a nível mundial. Apesar de ser unanimemente reconhecido que existem vários fatores que condicionam o desenvolvimento da obesidade, nomeadamente na fase pré-natal e pós-natal, a informação disponível é ainda insuficiente, pelo menos aparentemente, para mudar comportamentos e mentalidades. E o que é certo é que a obesidade parece estar aí para durar, enquanto muitos se resignam, baixam os braços e constatam que é “inevitável”, ou simplesmente uma “consequência da evolução”…
Não acredito nisso, não aceito que não haja nada a fazer! Afinal, somos (supostamente!) seres racionais, que compreendem e avaliam desafios, e superam-nos como mais nenhuma outra espécie é capaz de o fazer. Por um lado há evidência que sugere que o risco de obesidade aumenta linearmente com o peso à nascença. Apesar de ser difícil fazer este tipo de generalizações, e, acima de tudo, de prová-las, o que é certo é que globalmente o peso à nascença tem vindo a aumentar nos últimos anos, e a obesidade também… Em relação ao peso após o nascimento, também há dados que sugerem que o aumento do peso durante os primeiros 2 anos de idade está diretamente relacionado com o risco de obesidade. Para aumentar a confusão, parece haver uma relação inversa entre o crescimento antes do nascimento e depois do nascimento, sendo que bebés que nascem mais pequenos têm tendência a ter um período inicial de crescimento mais acentuado. Trabalhos recentes têm alertado para um maior risco de obesidade nestes casos nos quais existe uma maior assimetria entre o crescimento antes e depois do nascimento. Ou seja, somando isto tudo, parece haver algum consenso quanto aos benefícios de ter um desenvolvimento adequando e constante antes e depois do nascimento, sendo que picos nesse desenvolvimento podem aumentar o risco de se desenvolver obesidade mais tarde na vida.
Recentemente foi publicado um estudo no qual foi avaliado qual o impacto que diferentes padrões de crescimento antes e depois do nascimento têm no risco de obesidade infantil e de obesidade em idade adulta. Foi observado que o crescimento pré-natal parece estar fortemente relacionado com o risco de obesidade, apesar de parecer haver diferenças importantes de acordo com o género. Também o crescimento pós-natal parece ser um importante determinante do risco de obesidade, principalmente nos casos onde o peso à nascença foi inferior ao normal. Ou seja, dito de forma mais simples, o que estes investigadores observaram foi que um peso excessivo ou demasiado baixo à nascença se traduz num risco aumentado de aparecimento de obesidade.
Os padrões de crescimento durante o início da vida são, por isso, fatores muito importantes também ao nível da composição corporal durante a vida. É fundamental ter consciência do que este tipo de informação implica, e de quais as melhores opções a tomar de forma a garantir que os bebés se desenvolvem de forma adequada, antes e depois do nascimento. E quando digo “de forma adequada” não quero dizer que quanto mais gordinhos melhor. Infelizmente ainda existe muito essa ideia na nossa sociedade, mas não nos podemos esquecer que um bebé ou uma criança obesa será, muito provavelmente, um adulto obeso…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *