O café é das bebidas mais populares em todo o mundo. Seja expresso, abatanado, americano, descafeinado, com canela, com açúcar, com leite, ou mesmo “com cheirinho”, beber café faz parte das rotinas diárias de muitas pessoas. Além do sabor, da temperatura reconfortante, e do seu efeito estimulante, o café tem ainda uma componente social muito significativa, pois é muitas vezes um pretexto para se estar com família ou amigos.
Não obstante todo este impacto que o café tem a nível psicológico, há também cada vez mais evidências que apontam para potenciais benefícios do seu consumo para a saúde. Na realidade, sabe-se que o consumo de café está relacionado com uma diminuição do risco de mortalidade (mais informações sobre a relação entre o consumo de café a mortalidade neste post), pois parece diminuir o risco de várias doenças crónicas, tais como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de cancro. Apesar de todos estes potenciais efeitos, ainda pouco se sabe sobre a forma como o café pode, de facto, promover estes potenciais benefícios.
O consumo de café tem vindo a ser associado a uma diminuição do risco de várias doenças crónicas, tais como doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancro.
Recentemente foi publicao um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition no qual foi estudado o efeito do consumo de café em vários marcadores de doenças cujo risco parece diminuir em resposta ao consumo de café. Foi observado que este promoveu uma diminuição dos níveis de vários marcadores inflamatórios, hormonais e de resistência à insulina. Estes resultados foram observados independentemente do café conter cafeína ou ser descafeinado.
Portanto, o consumo de café parece estar relacionado com vários efeitos metabólicos benéficos no nosso organismo. Curiosamente, ao contrário do que poderia esperar, estes efeitos não parecem estar relacionados com a cafeína. Convém não esquecer que a composição do café é muito complexa, pois além da cafeína possui muitos outros compostos bioativos importantes, como por exemplo os ácidos clorogénicos e os diterpenos. E como se isto não bastasse, estas e outras substâncias podem ainda interagir umas com as outras, potenciando os seus efeitos. Além do impacto óbvio que este tipo de observações pode ter ao nível da saúde, também ilustra algo que me parece particularmente relevante, que é o facto de os alimentos serem importantes não apenas por causa dos seus nutrientes, mas também por causa de outras substâncias que podem conter. Uma coisa é certa, o consumo de café (em quantidades adequadas, claro!), com a sua riqueza em vários compostos bioativos, parece ser algo benéfico para a saúde, pois pode contribuir para uma diminuição significativa do risco de aparecimento de várias doenças crónicas.
O café contém substâncias que diminuem os níveis de vários marcadores inflamatórios, hormonais e de resistência à insulina.
Referência do artigo: Am J Clin Nutr 2019;109:635–647
