Pipocas coloridas
Grávidas, crianças e adolescentes

Crianças expostas a publicidade a alimentos pouco saudáveis ingerem mais calorias!

Apesar de existir, por parte de muitas pessoas, a tentação de alguma forma suavizar o conceito de obesidade, esta é considerada uma doença crónica. Como tal, deve ser encarada com a seriedade que qualquer outra doença crónica merece. É fundamental ter a noção de que as suas consequências vão muito para lá do impacto estético que a obesidade pode causar a quem, infelizmente, sofre da mesma… Curiosamente, mesmo havndo muita informação disponível sobre as possíveis consequências da obesidade, que incluem um risco aumentado de doenças cardiovasculares, de diabetes, de vários tipos de cancro, entre outras, trata-se de um problema que está longe de estar controlado. Aliás, eu diria que se trata de um problema que se encontra cada vez mais descontrolado! Porquê? Porque de uma maneira geral a obesidade pode ser encarada como uma resposta natural ao ambiente que nos rodeia. Ou seja, para se conseguir tratar a obesidade tem que se mudar estilos de vida, com toda a abrangência que este conceito exige.


Um aspeto que me parece que devia exigir uma maior intervenção/regulação diz respeito ao marketing alimentar, principalmente ao nível dos anúncios para crianças. Infelizmente os anúncios que passam na televisão, nas apps ou no cinema tendem a promover alimentos ricos em açúcar, sal, gordura, e muito pobres/desinteressantes do ponto de vista nutricional. Quando penso sobre este assunto, não consigo deixar de sentir alguma (muita!) irritação e frustração, pois se queremos que as crianças tenham uma alimentação saudável, porque é que as expomos constantemente a um ambiente que promove exatamente o contrário? É urgente haver coragem para que quem pode de facto tomar medidas a esse nível, as tome! Limitar a exposição das crianças a esse marketing tão agressivo e apelativo parece-me uma estratégia fundamental para que no futuro as crianças possam ser mais capazes de adotar um estilo de vida mais saudável, nomeadamente ao nível da alimentação.

 

Sendo a obesidade uma doença com uma origem maioritariamente comportamental, a sua prevenção deve ser efetuada o mais cedo possível. Uma das medidas que deveria ser tomada era uma maior regulamentação ao nível dos anúncios para crianças que promovem alimentos pouco saudáveis.

 


Recentemente foi divulgado um estudo na revista International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, no qual foi investigado o impacto que a exposição de crianças a anúncios sobre alimentos pouco saudáveis teve ao nível da sua ingestão alimentar. Os resultados obtidos não deixaram grandes margens para dúvidas: a exposição aos anúncios esteve associada a um aumento do total de calorias ingerido diariamente. E como se isto não bastasse, o aumento observado encontra-se dentro dos valores considerados como potenciadores da obesidade infantil!!!


Já aqui tive oportunidade de escrever sobre este assunto (pode consultar esse post aqui), mas nunca é demais voltar a falar no mesmo. Se de facto queremos que os nossos filhos/netos/amigos tenham um futuro saudável, está na hora de mudarmos o ambiente alimentar no qual as crianças crescem. E mudar o ambiente é bem mais difícil do que se imagina! E se para um pai, avô ou cuidador, essa mudança passa essencialmente por promover hábitos alimentares saudáveis, controlando (no bom sentido, obviamente!) não só o que a criança come, mas também o que ela tem disponível em casa, parece-me óbvio que é preciso ir muito mais além. É preciso coragem e força de vontade por parte de quem cria as leis, para regular de forma eficaz o conteúdo e a periodicidade dos anúncios a produtos menos saudáveis. Quem me conhece sabe que eu não sou fundamentalista em relação a este assunto, mas também não vou dizer que não é um assunto que me incomoda. Fala-se tanto em dinheiro gasto na cura de determinadas doenças, na redução de listas de espera na saúde, na comparticipação de medicamentos, etc. E eu pergunto-me: porque é que não se fala tanto na prevenção? Porque é que não se tenta evitar os problemas, em vez de os tentar reparar quando os mesmos surgem? Até porque, “mais vale prevenir do que remediar”…

 

Mudar o ambiente alimentar no qual as crianças crescem é urgente, e essa mudança deve obrigatoriamente incluir alterações na exposição das crianças ao marketing de produtos pouco saudáveis.

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