Nutrimentos

Carência e excesso de vitamina E: o que pode acontecer

Os níveis sanguíneos de vitamina E (mais informações sobre a vitamina E neste post) dependem essencialmente de dois tipos de fatores, os externos e os internos. Em relação aos primeiros, estou a falar da quantidade ingerida e da sua biodisponibilidade (mais informações sobre a biodisponibilidade neste post), ou seja, da capacidade de digerir os alimentos e absorver os respetivos nutrientes. Quanto aos fatores externos, o principal é o funcionamento do fígado, pois é este o principal destino da vitamina E que é absorvida no intestino. O fígado é também um dos principais locais de armazenamento e de excreção desta vitamina. Portanto, por vezes problemas hepáticos (problemas no fígado) podem causar alterações significativas nos níveis de vitamina E. É importante referir que atualmente não há formas rigorosas de se conseguir avaliar os níveis de vitamina E no organismo, pelo que os métodos atuais apenas fornecem estimativas (por vezes pouco rigorosas).


Apesar de a vitamina E estar presente em muitos alimentos diferentes, e em muitos casos em quantidades bastante significativas, níveis baixos desta vitamina são relativamente frequentes. Isto acontece essencialmente porque a maior parte dos alimentos ricos em vitamina E são de origem vegetal, mas infelizmente nos chamados países desenvolvidos o consumo de alimentos de origem animal acaba por ter uma maior expressão.

 

Níveis baixos de vitamina E estão normalmente associados a problemas no fígado e/ou ao baixo consumo de alimentos de origem vegetal.

 


No entanto, a carência de vitamina E propriamente dita tende a ser algo raro. Esta situação é mais frequente em bebés prematuros com peso muito baixo à nascença (abaixo de 1,5kg). Também em pessoas que apresentem doenças de má-absorção, como, por exemplo, doenças inflamatórias intestinais, a carência de vitamina E pode ser mais frequente. Uma vez que a absorção de vitamina E depende de uma absorção adequada de gordura, pessoas com problemas ao nível da digestão da gordura (fibrose cística, problemas na vesícula biliar, entre outros) também podem apresentar falta de vitamina E. Os principais sintomas de deficiência desta vitamina incluem perda de coordenação, fraqueza muscular, problemas neurológicos (especialmente nas mãos e pés), problemas visuais (que podem cuminar em cegueira) e falhas no sistema imunitário.


O excesso de vitamina E é uma situação ainda mais rara do que a deficiência da mesma, e tende a acontecer apenas em casos de consumo excessivo de suplementos de vitamina E. Nestes casos parece existir um aumento do risco de hemorragias, AVCs, bem como do aparecimento de alguns cancros, nomeadamente o cancro da próstata.


Para terminar, é importante ter a noção de que os suplementos de vitamina E podem interferir com vários medicamentos. Começava por destacar os anticoagulantes, uma vez qu se sabe que um excesso de vitamina E aumenta o risco de hemorragias. Pode também interferir com a absorção de ciclosporina, um fármaco imunossuperessor, bem como com o sucesso de alguns tratamentos oncológicos, uma vez que pode contribuir para uma maior proteção das células do cancro. Há estudos que sugerem que a vitamina E pode ainda diminuir a eficácia de algumas estatinas (medicamentos utilizados para diminuir os níveis de colesterol), nomeadamente atorvastatina, fluvastatina, lovastatina e pravastatina. Por tudo isto, o consumo de suplementos de vitamina E deve ser sempre efetuado mediante aconselhamento por parte de um profissional devidamente qualificado.

 

A carência de vitamina E pode causar problemas motores, neurológicos, visuais e no sistema imunitário.

Veja o que pode acontecer quando há carência ou excesso de outros micronutrientes:

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