Ferro
Nutrimentos

Carência e excesso de ferro: o que pode acontecer

Conforme tive oportunidade de escrever recentemente, o ferro é um mineral indispensável para o funcionamento do nosso corpo, onde desempenha várias funções muito importantes (mais informações sobre o ferro neste post). Apesar de, para a maior parte das pessoas, ser possível atingir a dose diária recomendada através de uma alimentação variada e equilibrada, por vezes surgem casos nos quais os níveis de ferro estão abaixo do recomendado.


Quando ocorre uma carência de ferro, a primeira coisa a fazer é tentar perceber se a mesma se deve a uma ingestão de quantidades abaixo do recomendado, a falhas na absorção intestinal do mesmo, ou se pode estar a ocorrer alguma perda significativa de ferro. De uma forma geral nós perdemos muito pouco ferro na urina, fezes, transpiração e sistema digestivo. No entanto, em casos de hemorragia as perdas de ferro podem ser significativas, pelo que, em média, as mulheres em idade fértil têm uma maior tendência para apresentarem níveis mais baixos de ferro, por causa da menstruação.

 

A carência de ferro pode surgir devido a baixa ingestão de alimentos ricos nesse mineral, problemas na sua absorção intestinal, ou hemorragia.

 


A carência de ferro pode não ser detetada no início, uma vez que normalmente o nosso corpo dispõe de reservas significativas deste mineral. Inicialmente a carência de ferro traduz-se numa diminuição dessas reservas, sendo que só numa fase mais avançada é que pode levar a uma diminuição da produção de glóbulos vermelhos, uma condição chamada anemia ferropénica. Devido a isso, é muito importante avaliar a disponibilidade de ferro no corpo. Uma das formas mais simples de o fazer é através de uma análise ao sangue, na qual é quantificada uma proteína chamada ferritina, que reflete a quantidade de ferro disponível, mesmo em fases iniciais de carência deste mineral. As principais consequências da anemia ferropénica são a palidez e o cansaço generalizado, mesmo em atividades do dia-a-dia que não sejam muito exigentes do ponto de vista físico. Pode ainda estar associada a dificuldade de concentração, problemas cognitivos, falhas no funcionamento do sistema imunitário, problemas na regulação da temperatura corporal, palpitações e falta de ar.


Há alguns grupos sociais que possuem um maior risco de apresentarem carência de ferro. Por exemplo, as grávidas necessitam de aumentar a sua quantidade de sangue, devido às necessidades aumentadas do seu próprio corpo e também do feto que se está a desenvolver. Devido a isso, deve haver uma maior ingestão de ferro durante esse período. Também as crianças, com 6-9 meses de idade apresentam um risco mais elevado, pois trata-se da altura em que se dá a diversificação alimentar, pelo que esta deve ser bem efetuada, de forma a salvaguardar que não ocorrem carências nutricionais. Obviamente que as mulheres em idade fértil, por causa da menstruação, necessitam de garantir um maior aporte de ferro, pois perdem mensalmente quantidades significativas do mesmo. Pessoas com cancro também têm um maior risco de apresentarem défice de ferro, uma vez que em muitos casos ocorrem sangramentos ocultos associados a esta terrível doença. Por último, pessoas com doenças inflamatórias intestinais possuem um risco elevado de terem diversas carências nutricionais, devido a uma menos capacidade de absorção intestinal.


O consumo de doses elevada de ferro pode provocar efeitos secundários no sistema digestivo, nomeadamente náuseas, vómitos, dores abdominais e obstipação (também conhecida como “prisão de ventre”). Em casos mais extremos, pode provocar danos irreversíveis nalguns órgãos, podendo mesmo matar. Ou seja, é preciso muito cuidado no consumo de suplementos contendo ferro, sendo que esta situação só deve ocorrer quando aconselhada por um profissional devidamente qualificado (principalmente no caso das crianças!). Existe ainda uma doença na qual as pessoas apresentam níveis elevados de ferro, chamada hemocromatose. Trata-se de uma doença rara, que pode ter consequências muito graves para quem sofre da mesma, nomeadamente danos ao nível do fígado, coração e pâncreas.

 

Quando o ferro se encontra em níveis inferiores ou superiores ao normal podem surgir várias consequências negativas para a saúde de quem sofre desse problema.

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