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Carência e excesso de selénio: o que pode acontecer

O selénio desempenha funções bastante específicas, mas muito importantes, e por isso a sua presença em quantidades adequadas é indispensável para o desenvolvimento e funcionamento do nosso corpo (mais informações sobre o selénio neste post). Se ocorrer uma carência significativa de selénio, a falha na produção das selenoproteínas pode ser fatal. No entanto, as consequências da carência deste mineral podem ser muito variáveis, dependendo não apenas da dimensão da carência, mas também do estado nutricional da pessoa em causa. Globalmente sabe-se que acima de tudo, as carências de selénio podem aumentar a vulnerabilidade das pessoas para determinadas situações de stress, nomeadamente outras carências nutricionais, infeções, ou sobrecarga de diversos órgãos. De qualquer das formas, há um conjunto de manifestações que são particularmente frequentes, tais como problemas no funcionamento da tiróide, problemas cardíacos, fraqueza muscular, anemia, ansiedade, depressão e problemas nas cartilagens, cabelo e unhas. Pode ainda causar infertilidade masculina, ou potenciar os efeitos associados à carência de iodo, uma condição chamada de cretinismo. O facto de, por vezes, a carência de selénio não ser facilmente detetável, faz com que seja possível ter uma vida aparentemente “normal”, mesmo apresentando níveis de selénio inferiores ao normal.

 

A carência de selénio é um problema que pode ter consequências muito graves, e que se manifesta de muitas formas diferentes.

 


Do ponto de vista geográfico, a carência de selénio assume uma dimensão particularmente preocupante nalgumas regiões da China, onde a população tem uma alimentação vegetariana e os solos são muito pobres nesse mineral. Também nalguns países europeus pode existir uma carência significativa de selénio. Esta situação tende a ser mais frequente nas pessoas que adotam uma alimentação vegetariana ou vegan (mais informações sobre vegetarianismo e veganismo neste post). O crescente interesse por parte destes padrões alimentares pode ter um impacto significativo ao nível da carência de selénio na população, a curto/médio prazo… Além dos vegetarianos/vegans, há também outros grupos em maior risco de apresentarem este tipo de carências. Por exemplo, pessoas com problemas renais, e que estejam sujeitas a hemodiálise, devido ao aumento da excreção urinária e às limitações alimentares a que normalmente estão sujeitos. Também pessoas infetadas com HIV são um grupo de risco, muito possivelmente devido a carências nutricionais que são bastante frequentes nas mesmas. Outra condição que aumenta o risco de carência de selénio é a presença de doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn e colite ulcerosa).


Apesar de ser um micronutrimento indispensável para o nosso metabolismo, o selénio não deve ser consumido em excesso, caso contrário pode apresentar uma toxicidade significativa. O consumo excessivo de selénio é uma condição rara, que vulgarmente está associada a um consumo excessivo de suplementos contendo o mesmo, ou, eventualmente, a um consumo elevado e regular de castanhas do Maranhão. Devido a isso, o consumo desses suplementos deve ser supervisionado por um nutricionista, ou outro profissional devidamente qualificado. Um consumo excessivo de selénio pode originar uma condição chamada selenose. Neste caso as unhas tendem a tornar-se quebradiças e ocorre queda de cabelo. Adicionalmente, surgem problemas gastrointestinais e na pele, a respiração pode apresentar um cheiro a alho, a boca fica com um sabor metálico, e pode ocorrer fadiga, irritabilidade e falhas no sistema nervoso central. Pode ainda aumentar o risco de aparecimento de diabetes tipo 2, e em casos muito graves, pode mesmo ocorrer a morte da pessoa.

 

Apesar de ser uma situação rara, podem ocorrer casos de excesso de selénio, originando selenose. Tal como acontece com a carência deste mineral, o excesso também pode ter consequências muito graves.

 


Para terminar, gostaria de referir que o selénio pode interferir com alguns medicamentos. Por exemplo, a cisplatina, que é utilizada na quimioterapia, pode não só causar diminuição dos níveis de selénio, como este também pode interferir com os efeitos quimioterapêuticos da primeira, bem como eventualmente aliviar alguns dos seus efeitos secundários.

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