Nutrição geral

Consumir refeições preparadas fora de casa pode fazer disparar as calorias que consome!

Seja por gosto pessoal, seja devido a compromissos profissionais, ou mesmo por comodidade, há cada vez mais pessoas a fazerem as suas refeições fora de casa, ou a levarem para casa refeições já preparadas. E se por um lado, o simples facto de não se ter que cozinhar, ou ter apenas que aquecer a comida que se leva para casa, pode ser sinónimo de algum conforto, ou mesmo “qualidade de vida”, existem também várias desvantagens nesse tipo de rotinas. Um dos fatores é, obviamente, económico, pois de uma maneira geral fica muito mais caro comer fora de casa, do que cozinhar a sua própria comida. Também a quantidade de comida que se come é, muitas vezes, maiores, pois além de haver tendência para que as doses sejam por vezes absurdamente grandes (na maior parte dos restaurantes), também há uma espécie de obrigação moral para não deixar nada por comer, pois está-se a pagar por tudo o que é colocado na mesa. Por último e, possivelmente, mais importante, está a qualidade nutricional das refeições. Claro que não quero com isto dizer que não há restaurantes onde este aspeto é valorizado, mas infelizmente na maior parte das vezes é algo que não é muito trabalhado… Basta olhar para as ementas e ver que os fritos ou as comidas muito gordurosas estão (quase) sempre disponíveis por exemplo. Além disso, o excesso de sal e de açúcar são também características muito frequentes. Por tudo isto (e muitos outros argumentos que ficaram por destacar), considera-se que de uma maneira geral o consumo regular de refeições fora de casa tende a ser menos saudável do que o consumo de refeições preparadas em casa. E acredite que isto pode ter um impacto bem maior do que imagina… São vários os estudos que têm vindo a associar o consumo de refeições fora de casa com o aumento do risco de diabetes tipo 2 ou obesidade, por exemplo.
Recentemente foi publicado um artigo na revista International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity que analisou a possível existência de alguma relação entre o consumo total de calorias por dia e a frequência de consumo de refeições fora de casa. Foi observado que as pessoas que consomem mais refeições fora de casa normalmente ingerem uma maior quantidade diária de calorias. Este efeito foi mais acentuado no caso das refeições serem ingeridas fora de casa, do que na situação em que a comida era comprada já preparada. Como se isto não bastasse, o efeito pareceu ser mais significativo no caso das crianças.
Obviamente que não tenha nada contra o consumo de refeições fora de casa, de uma forma esporádica, mas transformar essa situação numa rotina pode, de facto, estar associada a vários riscos. Eu sei que por vezes a falta de tempo, ou a impossibilidade de levar para o local de trabalho comida já preparada, por exemplo, podem justificar um consumo frequente de refeições fora de casa, mas também não tenho dúvidas que muitas vezes esses argumentos são apenas “desculpas”. Valorizar a preparação das refeições é valorizar uma relação com a comida que deve ser saudável, frequente, e informada. É eventualmente sinónimo de valorizar tempo de qualidade que pode ser passado a cozinhar em família, ao mesmo tempo que pode dar asas à sua imaginação e afastar-se um pouco do stress das rotinas diárias. E se não tem oportunidade de aquecer a comida no local de trabalho, porque é que não opta por preparar refeições que podem ser consumidas frias (sandes, saladas, etc.)? Ou então, porque é que não recorre a transportadores (marmitas) que mantenham a temperatura durante várias horas? Não tenho dúvidas que para muitas pessoas este pode ser o clique que precisam para terem um padrão alimentar mais saudável, pois valorizar a preparação das refeições em casa é valorizar uma alimentação mais saudável e equilibrada, pelo menos para a maior parte das pessoas…

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