Nutrição geral

Dieta Paleo e o risco de carência de iodo…

Uma dieta que tem estado muito na moda nos últimos tempos, e que tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos é a Dieta do Paleolítico, ou Dieta Paleo. Apesar de haver estudo que sugerem que esta dieta pode estar associada a perda de peso e a um melhor equilíbrio de alguns parâmetros metabólicos, tem também várias desvantagens associadas, nomeadamente o facto de, do ponto de vista nutricional, me parecer desequilibrada em vários aspetos. Sobre este assunto seguramente irei escrever um (ou mais) posts no futuro… De uma maneira geral, a dieta Paleo baseia-se num conceito simples: uma alimentação idêntica à que o ser humano consumia antes do estabelecimento da agricultura. Como consequência, há uma série de alimentos que estão excluídos deste padrão alimentar, tais como cereais, leite e derivados, açúcar refinado, gordura processada e sal. Olhando para este lote de alimentos há uma preocupação que se destaca, o consumo de iodo. Apesar de as principais fontes alimentares naturais de iodo não estarem banidas da dieta Paleo, que são os produtos marinhos, na realidade para a maior parte da população o iodo é principalmente fornecido a partir do consumo de sal iodado, e, em menor escala, dos laticínios.
De uma maneira geral a carência de iodo pode ter consequências graves para o ser humano, nomeadamente ao nível do funcionamento da tiróide, sendo uma das causas mais frequentes de bócio. Além disso, está também relacionada com falhas ao nível do desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso. Portanto, uma ingestão adequada de iodo é fundamental para manter a saúde e funcionalidade do nosso corpo.
Recentemente foi publicado um artigo no qual os investigadores procuraram perceber se a dieta Paleo podia estar relacionada com um aumento do risco de desenvolvimento de carências de iodo. Tratou-se de um trabalho que avaliou os níveis de iodo a longo prazo, mais concretamente, por um período de 2 anos, o que permitiu ter uma ideia média do impacto dos diferentes padrões alimentares a esse nível. Os resultados obtidos revelaram que a adoção de um padrão alimentar inserido na dieta Paleo aumentou significativamente o risco de carência de iodo. É importante referir que durante os 2 anos em que o estudo decorreu os participantes puderam alimentar-se de acordo com a sua vontade, ou seja, não houve nenhuma restrição alimentar imposta pelos investigadores.
A adoção de um padrão alimentar diferente, com um maior número de especificidades e, consequentemente, com mais restrições do que um padrão omnívoro geral é sempre uma decisão que envolve alguns potenciais riscos. Cabe a cada um decidir o que é que pretende com a sua alimentação, mas é fundamental perceber que naturalmente que diferentes padrões alimentares implicam diferentes desafios a quem os pratica. No caso específico da dieta Paleo, os resultados obtidos no trabalho que eu referi sugerem que eventualmente poderá ser benéfico recorrer a uma suplementação de iodo por parte de quem pratica esse tipo de dieta. Ou seja, com este post não quero dizer que não se deve adotar diferentes padrões alimentares (é sempre uma decisão pessoal!), mas sim que se for essa a sua vontade, então deve procurar informar-se e, eventualmente, compensar os potenciais riscos com alterações/suplementações alimentares, de forma a poder tirar partido da alimentação sem comprometer a sua saúde.

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