Grávidas, crianças e adolescentes

Amamentar ou não amamentar, eis a questão!

O leite materno é, sem dúvida nenhuma, o alimento mais equilibrado do ponto de vista nutricional para os primeiros meses de desenvolvimento de um bebé. E o mais curioso é que apesar de esta ideia ser facilmente aceite por todos nós, ainda estamos muito longe de compreender todas as suas vantagens e de conhecer toda a sua riqueza em termos de composição… Apesar de ser reconhecido que o leite materno traz inúmeros benefícios para o bebé, queria começar por destacar que a opção de amamentar deve sempre ser uma decisão da mãe. São vários os motivos que a mãe pode destacar para não dar de mamar. Um deles passa pelo desconforto que pode surgir se a mãe tiver que amamentar num local público. Atualmente já existem locais destinados para o efeito em centros comerciais e noutras grandes superfícies, mas esses locais são de acesso livre, o que limita muito a privacidade e o sossego exigidos para esse momento. Também a possibilidade de dividir a tarefa da alimentação do bebé com mais alguém (o pai ou outro cuidador) pode ser um fator que pese na decisão final. Sabe-se também que o leite artificial (as chamadas fórmulas) está associado a uma digestão mais lenta, o que tende a diminuir o número de refeições a realizar durante o dia, o que pode aliviar o stress de conciliar a vida pessoal, a vida profissional e a vida de mãe. Por último, existe muito a crença que o dar de mamar também está muitas vezes associado a alterações no aspeto do peito, que, supostamente, tende a ficar mais caído e mais flácido. Este é um tema controverso, pois cada vez há mais evidências que sugerem que a idade, a genética ou fumar, por exemplo, alteram de forma mais significativa a aparência do peito do que dar de mamar. De qualquer das formas, uma mãe dar de mamar contrariada é algo que deve ser evitado, pois o stress é um dos piores inimigos da amamentação, uma vez que interfere com o bem-estar psicológico da mãe (que também se reflete no bem-estar psicológico do bebé), com o conforto e relaxamento que devem caracterizar o momento, bem como com a própria produção de leite. Portanto, apesar da pressão da sociedade, sentida a vários níveis, sobre se deve ou não dar de mamar, a mãe tem sempre a última palavra sobre se quer (ou não!) fazê-lo. Independentemente da decisão, e dos motivos que estiveram na base da mesma, é uma decisão que deve ser sempre tomada tendo a consciência que, na grande maioria dos casos, amamentar é de longe a melhor opção para o bebé! Ser mãe (ou pai!) implica mudar hábitos, estilos de vida, superar obstáculos, fazer alguns sacrifícios, mas, acima de tudo, significa darmo-nos àquele novo ser, significa “felicidade”! Procure ponderar bem todos os fatores, de forma a encontrar a sua “felicidade”…
Também gostaria de destacar que apesar de as recomendações da Organização Mundial de Saúde apontarem no sentido de haver, se possível, uma alimentação exclusivamente baseada em leite materno até aos 6 meses de idade, existem algumas situações nas quais a mãe não deve amamentar, tais como: presença de algumas doenças infecciosas na mãe, que possam ser transmitidas para o bebé através do leite materno (existem muitas doenças infecciosas, como por exemplo uma constipação ou gripe, que não impedem a amamentação, por isso deve procurar sempre aconselhamento médico); existência de doenças que apesar de não serem infecciosas possam comprometer o estado de saúde da mãe; existência de algumas doenças metabólicas no bebé, que impeçam a utilização correta de alguns dos componentes do leite materno; consumo de alguns medicamentos por parte da mãe, que podem passar para o leite materno e, dessa forma, serem ingeridos pelo bebé; situações de abuso de drogas (não estou a falar apenas das chamadas “drogas pesadas”, pois o consumo de marijuana também se encontra englobado nesta situação!), uma vez que estas podem passar para o bebé, através do leite materno; durante tratamentos de quimioterapia. Tratam-se globalmente de situações específicas mas que devem ser valorizadas, pelo que o ideal será sempre procurar um aconselhamento por parte de profissionais especializados.
Em jeito de conclusão, quero deixar bem claro que, na minha opinião, e sempre que possível, os bebés devem ser alimentados exclusivamente com leite materno até aos 6 meses de idade. Como nutricionista não poderia ser de outra forma, mas a última palavra é sempre da mãe…

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